segunda-feira, 19 de março de 2012

Egoísmo

Recebi uma mensagem especial de alguém afirmando que precisamos ser egoístas para enfrentar uma série de problemas cotidianos. Fiquei assustado com essa afirmação e pensei que várias pessoas tem se comportado por essa premissa, assim disserta-se um discernimento acerca do egoísmo.

Quando crianças nos primeiros anos de vida, alguns estudos denominam que a criança passa por uma fase egocêntrica (conforme psicanálise), permitindo a mesma diferenciar o ‘eu’ e o mundo exterior. Esse conceito preliminar de autoconhecimento vai amadurecendo ao longo da vida, junto com o conceito de mundo exterior com regras e pessoas que funcionam de certas formas, numa maturidade do egocentrismo, para o autoconhecimento, para o conhecimento ‘pleno’ e à cooperação, numa hierarquização dos quatro complementando os níveis mais elevados, algo muito similar ao conceito do índio mentor Don Juan de Carlos Castañeda em “A erva do diabo”, afirmando que o ser humano passa por quatro dificuldades: o medo por não conhecer, a clareza por achar que sabe muito, o poder por saber demais sendo inescrupuloso e a velhice. Certamente nem todos nem todos atingem as maturidades levantadas, inclusive observa-se regressões de fases anteriores mal resolvidas, por isso não acredito em condenar o egoísmo, pois o mesmo é uma fase de desenvolvimento, por isso todo o conhecimento é solução para superação e cooperação madura, justa e bem delegada de competências. Contudo cooperar não é necessariamente invasão de competências e liberdades dos outros, tampouco se desgastar por algo que não se interessa ou tampouco sabe. Claro de devemos sempre nos superar, mas diferenciar as coisas nos devidos lugares e finalidades, como é ensinado às crianças nos primeiros anos de vida é importante discernimento para a vida social e potencialmente cooperável.

Cooperar trabalhando mutuamente em prol de um objetivo comum, desenvolver projetos mais complexos, otimizando utilização de recursos disponíveis, com mais eficiência, eficácia, isso envolve conhecimento e criatividade para inclusive evitar injustiças e sobrecargas para certas pessoas.

Os piores exemplos de falta de cooperação sendo observados é a publicidade consumista contra o compartilhamento de recursos, falta de planejamento urbano em prol da especulação imobiliária para lucro de poucos, trânsito caótico com motoristas solitários ao invés da ocupação plena destes mesmos veículos, preocupação excessiva com o conforto à custa da sustentabilidade ambiental e social.

Quanto aos exemplos funcionais de cooperação há a internet com inúmeros fóruns de pessoas ajudando-se mutuamente, feiras de trocas de produtos e serviços locais e inúmeras instituições com causas e objetivos definidos. Contudo acerca destas instituições que trabalham com alguma cooperação ficam algumas, dentre muitas perguntas: A organização hierárquica garante a cooperação plena? Instituições baseadas na ignorância, em oposição ao conhecimento requerido na cooperação, como as empresas não-éticas, religiosas e governos, garantem cooperação plena ou vivem em regressões egocêntricas aos líderes? Somente o dinheiro garante a cooperação? Que valores deveriam nortear a cooperação? É necessária uma ordem ditatorial para cooperarem ou as pessoas de fato seriam capazes da autogestão?

2 comentários:

  1. As vezes o melhor que temos a fazer é ser egoísta. Ajudar as pessoas demais só faz com que elas se lembrem da gente pra isso.

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    1. Obrigado pelo seu comentário. Eu concordando ou não, é necessário muito amadurecimento desta discussão...

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