terça-feira, 25 de junho de 2019

Deixas

"Pare de falar merda!", disse ela tão confiante de si. "Reaja!", disse a agente. "Confie em mim!", disse mais uma vendedora de serviços que nem ela acredita.

Há muitos diálogos neste palco. Os personagens em algum momento tomam consciência de si, mas outros continuam concentrados nos seus papéis, por exemplo: A filha que já é mãe se percebe no espelho de suas atitudes passadas. O comandante percebe as injustiças das ordens na contradição de quem desobedece ele mesmo é também um transgressor.

O mundo está cheio de contradições, aliás somos as próprias contradições: Onde já se viu comparar botas com calças? Ah, mas... Chega de julgar! Aceite as deixas dos papéis, delegue! Chute a bola para quem quiser aparecer pegar... Se ninguém quiser pegar, convença que é bom, excelente, oportunidade. Aceite as deixas das falas para o próximo quebrar a corrente, nada faz sentido mesmo.

Entender só vai piorar as coisas. Aceite como são e siga onde parou.

Alguém qualquer

Cada um tem seu tempo e entendo perfeitamente quando responde, se responde ou se quer responder. Vale para o meu lado também, por às vezes estar ocupado, com insônia tentando superar ou multitarefa.

Sou humano na limitação biológica que também vai ao banheiro, dorme, se alimenta, habita algum lugar no seu tempo espaço. Máquinas são rápidas, descartáveis, rotuláveis, apesar que estas também falham com restrições de software, requisitos ou rede. Portanto, se perceba e saiba quem julgar não seja apenas seu espelho, num retrato de Dorian Grey.

Sentimentos destroçados, do próprio inferno que construiu, os personagens criam expectativas irreais. Esperam a morte em algum instinto de caça. Vigiados, presos nas opiniões, mantém crenças para canalizar desejos. A saciedade intangível, querem cada vez mais e são consumidos. As doenças físicas ficam pequenas diante as dores da alma. Você construiu seu próprio inferno.