sábado, 21 de janeiro de 2012

Os homens que se amavam

A cúpula secreta estava reunida, somente de homens, de várias idades e convicções. Tudo era comunicado em hierarquia, em códigos, condutas, olhares, favores de todos os tipos. Os que se revoltavam, geralmente os mais jovens e inocentes eram punidos de formas sádicas e sumariamente, para imposição das lideranças.

Os varões da sala secreta contavam comédias sem graças, faziam leis, cometiam calúnias, mentiras, impunham vossos poderes e prazeres, para satisfazerem-se.

Sim, todos lá se amavam, mas não sabiam o que era amor. Amor não enchia barriga, mas controlava todos os objetos femininos e masculinos submissos. Era uma ilusão aperfeiçoada geneticamente, também inventada pelos sacerdotes, poetas e publicitários, que já se foram das demais salas ocultistas, sejam elas escritórios, salas, mosteiros, saunas, bibliotecas, câmaras, lojas maçônicas. A perversidade masculina era mais real que o amor, por isso a idealização do amor, inexistente, era feminino e criador, enquanto o mal eterno era destruidor, metaforizados por demônios com longos, grossos e brasantes tridentes que passavam por vários ânus.

Por séculos esses homens secretos foram e serão assim, mudarão de endereços, mas serão os mesmos. Fazem eternas sucessões e lutas, representados por obeliscos, prédios grandes e compridos, espadas, armas e todos os objetos pontiagudos feitos pelos homens e para os homens perpétuos, pois os homens se amavam muito: o próprio ego. E nada mais.

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