quinta-feira, 4 de junho de 2015

Sincronicidade

Meu amor, esta carta nunca foi escrita: está escrito nas estrelas. Jamais escrevi algo para ti, por falta de uma música. Não é qualquer ritmo, é o nosso ritmo, o ritmo de cada um.


Danças conforme a música? Assim como brigamos pois esse ritmo que escolhemos, ou amamos pois é o ritmo que decidimos inconscientemente: é livre arbítrio coercivo.


Nunca te amarei pois estou sincronizado com algo muito além. Muito além dos mosteiros daqueles proibidos de casar com vos. Muito além das escrituras dos velhos livros. Muito além das nossas virtudes. Muito além de todos os exemplos.


Não posso e não quero explicar a sincronicidade do universo. Não quero explicar a nossa sincronicidade, apenas senti-la. Os pronomes clamam vossos egos, limitados das projeções dos nossos limitados seres. Não sou, não és, não é…. Não somos, não sois, não são. Tampouco estamos nessa fútil língua.


Diante tantas possibilidades de dançar, nessa eterna dança, limitas-te na tua essência: no teu limitado contexto, no teu sentimento mesquinho, no teu precipício, no teu despertar. Sou cigano, por isso sou eternamente estrangeiro de mundos limitados. Também posso ser nada, como és, ó minha amada diviníssima amada, limitada na projeção da mãe terra.


Não temos tempo para sincronizar com tudo, mas em cada pequeno momento, podes ser eterno, como é eterno apenas o eterno. A efemeridade é a certeza da limitação, pois não podes abraçar o universo, muito menos assumir todas as contradições com tanta coerência.


Nosso amor é sagrado, como um cavaleiro trovador protegendo sua amada. Nunca me entenderás, apenas me sentiras neste sincronismo deste exato momento.

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